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Notas sobre a Palestra 143: Unidade e Dualidade

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Há duas possibilidades fundamentais para a consciência humana: o plano dualista e o plano unificado. A maioria dos seres humanos vive predominantemente no plano dualista, onde você percebe e experimenta tudo como opostos: ou / ou; bom ou ruim, certo ou errado, a vida ou a morte. O princípio unificado combina os opostos do dualismo. Ao transcender o dualismo você também transcende a dor que ele causa.

 

No plano unificado de consciência não há opostos. Não há bons ou maus, não há certo ou errado, não há vida ou morte no sentido de que o plano unificado compreende os opostos do plano da dualidade. O bom, o correto, a vida, que existem no plano unificado de consciência, combinam ambos os polos dualistas, então não há conflito.

 

Nós já temos, em nosso verdadeiro eu, um estado unificado da mente, independentemente de quão inconscientes e ignorantes dele nós possamos estar. Este verdadeiro eu incorpora o princípio unificado. Todos nós ansiamos pela liberdade, bem-aventurança e domínio da vida que o estado de consciência unificado proporciona, mesmo que não estejamos cientes da sua existência e de como alcançá-lo.

 

Nós tendemos a procurar a liberdade, a bem-aventurança e o domínio da vida, que só o estado de consciência unificado pode fornecer, no plano da dualidade. Isso nos leva a esforçar-nos para alcançar excelência em um dos opostos (aquele que vemos como “bom”), enquanto lutamos contra o outro. O nosso desejo não pode ser cumprido dessa forma. Essa luta torna a transcendência impossível.

 

No plano dualista, tudo termina como uma questão de vida ou morte. Em uma discussão, cada parte pensa estar certa, enquanto a outra está errada, e quer provar isso para a outra. Quanto mais cada parte insiste nessa prova, mais atrito existe.

 

Você acredita que, provando estar certo e o outro errado, o outro irá finalmente aceitá-lo e amá-lo de novo e tudo ficará bem. Quando você não consegue isso, você erroneamente interpreta que precisa se esforçar mais, por que você acha que não ficou suficientemente provado que você está certo e o outro está errado. A fenda se alarga, a sua ansiedade aumenta e, quanto mais armas você usa para tentar vencer a luta, mais profundas se tornam as suas dificuldades, até que você acaba ferindo a si mesmo e ao outro.

 

Você se vê, então, confrontado com as alternativas de ceder, a fim de apaziguar o seu amigo e evitar mais danos a si mesmo, ou continuar lutando. Admitir como certo o que você acredita estar errado significa a morte, em certo sentido, na psique profunda. Insistir em que você esta totalmente certo vai aumentar o atrito e a separação, possivelmente levando à rejeição, o que também significa a morte, a perda, a aniquilação. De qualquer forma você perde. Você acaba tendo apenas o lado ruim.

 

Tudo o que aprendemos de nossa educação e ambiente é voltado para padrões dualistas. Por isso, tornamo-nos totalmente conectados e adaptados a este estado de consciência. Tememos e resistimos ao movimento rumo a um estado unificado, pois parece-nos que desistir do estado do ego na dualidade significa aniquilação de nossa individualidade, o que, é claro, é totalmente errôneo.

 

O que é visto como opostos na visão dualista não são realmente opostos. Eles, na verdade, se complementam, assim como o côncavo complementa o convexo e um não se opõe ao outro. Na verdade, você não pode ter um sem o outro.

 

Realizar a unificação dentro de nós mesmos significa identificar-nos, tanto quanto possível, com o nosso Eu real (Eu superior). O verdadeiro Eu contém toda a sabedoria e verdade, de uma forma tão abrangente, que nenhum conflito pode existir quando permitimos que essa verdade se torne efetiva.

 

A verdade que flui a partir desse centro equaliza o eu com os outros. É por isso que o ego teme e resiste a esse processo de unificação. Mas longe de ser a aniquilação que o ego teme, essa verdade abre o reservatório da vibrante energia e força vital das quais geralmente só utilizamos uma pequena parte e que usamos mal, ao dirigirmos a nossa atenção e esperanças para o plano dualista, com suas opiniões restritas, suas ideias falsas, vaidade, orgulho, vontade própria e medo. Quando este centro vivo nos ativa, começamos o nosso ilimitado desdobramento, um processo cujas realizações se tornam possíveis precisamente porque o pequeno ego não quer mais desviá-las, a fim de encontrar a vida, como fazia no plano dualista.

 

Podemos começar a nos mover do plano da dualidade para o plano da unidade, começando a abrir os nossos corações e mentes para os aspectos mais amplos das questões que enfrentamos, para a verdade que possuem.

 

O simples ato de querer a verdade requer várias condições, a mais importante das quais é a disposição para abrir mão daquilo pelo que temos apego, quer isto seja uma crença, um medo, ou uma maneira preferida de ser. Por abrir mão, queremos dizer questionar e estar disposto a ver que existem outras formas de ver, além da perspectiva a que estávamos habituados.

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