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Notas sobre a Palestra 218: O processo evolutivo

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Nossa evolução espiritual é um processo contínuo, em si. Isso acontece inexoravelmente; não é o resultado de uma decisão que tomamos de nos submetermos a tal evolução. O que muda como resultado da nossa busca por autoconhecimento não é o processo em si, mas o fato de que nos tornamos mais alertas, mais consciente desse processo.

 

Nosso desenvolvimento evolutivo acontece o tempo todo. É como o crescimento de uma planta. Nosso ego pode decidir se quer ou não se tornar alerta e consciente do andamento da nossa evolução geral. Se o ego escolhe ignorar e não seguir esse processo de forma consciente, teremos uma longa experiência, atravessando estados de desarmonia, ansiedade, crise, depressão confusão. Isso não é um castigo, mas uma consequência natural das leis universais, que funcionam como advertências, chamando a nossa atenção para questões que temos de enfrentar.

 

É realisticamente impossível seguir sempre e exatamente o movimento interior, cem por cento. Se estivéssemos conscientes nesse nível, não estaríamos no estado humano. O estado humano é em si o resultado de desconexão e, portanto, temos que lutar para encontrar novamente a conexão com a realidade interna. Nenhum ser humano, nenhum buscador no caminho pode gabar-se de nunca passar por períodos de escuridão e crise. Eles são inevitáveis, e é bom que seja assim, porque esses estados são muito bons lembretes, mensagens e sinais para nos estimular a fazer um esforço redobrado para reencontrar a harmonia com o significado interior do nosso processo individual.

 

Podemos estar dispostos a sermos conscientes e a seguirmos o movimento interno para a realidade divina em algumas áreas da nossa vida, mas nos abstermos disso em outras. Onde não estamos dispostos a confiar na vida e a acompanhar o processo interno de desenvolvimento, desenvolvemos sentimentos de desconfiança do eu superior, enquanto confiamos nas defesas e bloqueios de proteção do ego, não importando quão destrutivos que eles possam ser. Podemos nos arrepender mais tarde desta destruição, mas desde que nós confiamos mais nesse comportamento do que em Deus, continuamos com ele. Tendemos a não ver as relações de causa e efeito entre essa atitude pseudoprotetora e as dificuldades que enfrentamos em nossa vida exterior, que não são uma punição, mas uma consequência natural das leis universais.

 

Aqueles que não seguem conscientemente o seu processo interno de evolução confiam na estagnação. Eles confiam em fechar sua sensibilidade para as mensagens do seu processo evolutivo. Isso significa optar por confiar em devaneios e seguir o lema de que “o que eu não sei não existe e não vai me machucar”.

 

Tomamos decisões a cada dia e cada hora da nossa vida. Estas são decisões sobre o que pensar, sobre como visualizar eventos em nossa vida e nossas reações a eles, sobre a possibilidade de dirigir a nossa atenção para as projeções exteriores das nossas realidades internas ou para as próprias realidades internas.

 

Nossa vida exterior é um reflexo do nosso estado interior. Se queremos melhorar as ocorrências externas, devemos identificar as divisões e conflitos internos e transformá-los. É nisso que temos de concentrar a nossa atenção.

 

Não há nenhum evento na nossa vida, grande ou pequeno, que não seja uma mensagem intrínseca ou uma manifestação significativa de todo o nosso processo evolutivo. Nossa tarefa e caminho consistem em decifrar essas mensagens, compreender o significado por trás dos acontecimentos ou humores que nos envolvem. Na medida em que fazemos esforços deliberados nesse sentido, teremos sucesso, embora não de imediato e nem sempre em uma linha direta. Na medida em que não fizermos esse esforço, a nossa vida será estéril e cheia de ansiedades.

 

Quando começamos a perceber o significado, a sabedoria e o propósito de cada evento em nossa vida do dia a dia e a sua profunda ligação com a totalidade da nossa vida, com o nosso processo evolutivo, então o medo e a confusão devem desaparecer, porque tudo o que vivenciamos tem significado e propósito. Tudo o que vivenciamos tem que ser exatamente do jeito que é. Não porque alguma divindade predestina para nós num espírito de punição ou recompensa. Nossas experiências são consequência de onde estamos em nossa jornada, dentro do nosso próprio processo. É por isso que não podemos estar em qualquer outro lugar ou vivenciando qualquer outra coisa diferente daquilo que está realmente acontecendo.

 

Não faz sentido ficar zangado porque as coisas não estão indo muito bem em nossas vidas ou por não estarmos mais desenvolvidos, a fim de desfrutarmos de eventos mais satisfatórios. Isso seria como uma criança ficar impaciente, sentindo-se culpada e com autorrejeição, porque ainda não é um adulto. Isso não faz sentido. O crescimento espiritual é um processo em curso em todos os momentos. A personalidade pode impor obstáculos para esse crescimento (por desejos, pensamentos ou ações inadequados), mas isso não vai deter o processo de crescimento espiritual. Pode, no entanto, introduzir distorções no crescimento.

Imagine que você comprima um organismo em crescimento físico em um recipiente apertado. Isto iria distorcer o crescimento e prejudicar o organismo. É o mesmo com os processos mentais e psíquicos.

 

A má compreensão da dinâmica, do significado e necessidade do crescimento – com o seu processo de purificação, expansão da consciência e aprofundamento da percepção – e, portanto, ficando impaciente com o seu estado atual – leva apenas ao ódio por si mesmo, à negação, à repressão, à autojustificação e à projeção sobre outros. Isto, por sua vez, leva a mais negatividade, a culpa real, e confusão – em suma, aleijando o crescimento do organismo. À primeira vista, pode parecer como se esta atitude de impaciência indicasse uma vontade de crescer e uma boa vontade para evoluir em direção a um estado mais aperfeiçoado e consciente. Mas a forma como isso se manifesta é na distorção e está longe de promover o processo de crescimento.

 

Nós somos parte do plano divino para trazer luz ao vazio. Onde quer que a nossa consciência manifesta tenha “esquecido” de sua conexão e perdido contato com a sua natureza divina, aí reside a nossa tarefa, que é destinada a restabelecer a conexão. Existem leis específicas que se aplicam aos estados específicos de consciência no processo de reconexão com o divino. E há leis universais mais amplas, que se aplicam a todos os estados de consciência:

 

♦ Lei da responsabilidade: Quanto maior a potencialidade espiritual de um indivíduo (prontidão), maior será a repercussão de não perceber esse potencial.

Quanto maior a discrepância entre a sua potencialidade espiritual e a direção real que você dá à sua vida, mais severas serão as suas experiências. Estas podem muitas vezes levar a um estado crônico de depressão, ansiedade e, de fato, desconexão.

A inevitável cegueira resultante, mesmo que seja apenas momentânea, deve conduzir a experiências intrigantes, dolorosas, inquietantes, confusas ou que simplesmente lhe tiram a paz momentânea.

Lei das conexões: é sua tarefa identificar e tornar-se consciente das conexões existentes entre humor interno, reações, falhas, defeitos, impurezas, conflitos, dificuldades, experiências externas e o seu processo evolutivo.

 

Examine, por exemplo, que relação pode haver entre uma dificuldade em estabelecer relacionamentos satisfatórios e um bloqueio na sua carreira? Que relação pode existir entre uma atitude gananciosa e agressiva e, digamos, insatisfação sexual? Que relação pode existir entre a submissão, a falta de autoafirmação, de um lado, e uma hostilidade dissimulada em outro?

 

Considere, também, como essas questões interligadas se relacionam com o seu processo evolutivo. Para estabelecer as conexões você pode e deve usar suas habilidades mentais em qualquer nível possível, em um espírito de exercitar a sua mente. Mas as ideias devem vir principalmente de dentro. Você deve permitir que as faculdades intuitivas forneçam as conexões.

 

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