Essa é uma questão que preocupa muita gente. Em meio a tantos afazeres, parece não haver espaço para momentos de oração, meditação, introspecção, partilhas.
Algumas pessoas sentem, em seu íntimo, um profundo anseio por uma jornada espiritual significativa, mas temem que lhes falte tempo para investir em sua carreira ou em seus negócios, para estudar, para desfrutar a vida, descansar, para as diversas tarefas do dia a dia. Quando conseguem reservar algum tempo para práticas espirituais, podem ter a sensação de que aquele tempo lhes fará falta, e, paradoxalmente, que não está sendo o suficiente; não se sentem vivendo de forma verdadeiramente espiritual. Trata-se de reservar mais tempo? Como?
O equívoco básico é que não existe essa coisa de vida material e vida espiritual; só existe vida. Estamos aqui nesta terra para crescer, para nos desenvolvermos espiritualmente, mas isso, não significa viver uma vida de clausura, apartada do cotidiano. Pelo contrário, crescer espiritualmente implica em aplicar no dia a dia os princípios espirituais. Nas coisas aparentemente menos significativas da vida diária pode estar a chave para a compreensão de questões profundas de nossa alma. Quando vivemos a vida plenamente, encarando sem escapes ou reservas tudo o que ela nos traz, cumprimos o nosso destino. Organizar bem o nosso tempo é uma necessidade. Ter momentos de oração e meditação, por exemplo, é algo importante, mas não é apenas nesses momentos que nossa vida tem caráter espiritual.
Certa vez o Guia do Pathwork disse que seres de elevado desenvolvimento espiritual não precisam ter momentos de oração, porque eles vivem em oração – não o tipo de oração com o qual estamos geralmente habituados, é claro; é mais como um estado de espírito, uma conexão constante com Deus. Isso não se aplica a nenhum de nós, seres humanos, mas podemos dar nossos passos em direção à integração entre vida material e vida espiritual, em direção a uma vida mais plena e realizadora. Para isso, precisamos aprender a nos conhecer, a nos aceitar como somos agora, para que possamos, aos poucos, compreender por que temos certas negatividades, e por que nos agarramos às mesmas, sendo que elas são tão desnecessárias, tão prejudiciais. Passo a passo, vamos nos repurificando, nos reaproximando de nosso centro divino, onde residem todo o amor, toda a sabedoria, toda a vida.
Na maior parte de nossos dias, estamos separados, desconectados – de nós mesmos, de nossos irmãos, de Deus. A própria dualidade entre vida material e vida espiritual é uma manifestação dessa separação. Vale a pena reservar um tempinho, talvez vinte ou trinta minutos diários, para trabalhar em nosso desenvolvimento espiritual, explorando sempre as mensagens que nos traz a nossa vida material. Uma parte nossa sempre dirá que não vale a pena, que estamos perdendo tempo, que seria melhor estar fazendo outra coisa. Mas devemos enfrentar essa pequena fração de nós mesmos, tão preguiçosa e orgulhosa. Devemos nos lembrar constantemente da verdadeira razão de estarmos aqui.
Paulo Peixoto
Colaborador do PWOL
Abril de 2016